Bem, para quem não sabe, eu sou instrutora de equitação e faço iniciação e adestramento de cavalos, tudo com base na equitação clássica, mais precisamente adestramento clássico (dressage), que é uma modalidade esportiva, mas acima de tudo um estilo de trabalho com base teórica e prática secular, que teve seu início no século 16 na Europa.
Aqui no Brasil poucas pessoas praticam, ensinam e competem nessa área em relação a outros esportes equestres como o salto por exemplo, que é unânime em público e adeptos. Comecei no salto em 1990, fiz uns 4 anos de aulas e competi também, depois segui por mais 6 anos até parar com a modalidade.
Decidi trabalhar nessa linha clássica pois não acredito que métodos mais modernos sejam capazes de substituir séculos de tentativa e erros, sendo anotados, conservados ou eliminados e repassados para as novas gerações... e assim sucessivamente coletando dados e anotando o que funciona e principalmente, os porques de funcionar ou não determinadas abordagens.
O mais interesssante é que no adestramento clássico o ponto chave é a qualidade de vida do cavalo junto da do cavaleiro, o animal é colocado num pedestal, presta-se atenção no que é bom pra ele, usa-se a biomecânica dele e do cavaleiro a favor dos movimentos, tudo de forma gradativa, respeitando a fisiologia do exercício e o tempo necessário para o desenvolvimento dos organismos, com isso evitando lesões e aumentando muito a vida útil do cavalo nas pistas, na reprodução e na vida em geral.
Os métodos modernos as vezes acertam, muitas vezes podem mostrar um resultado mais rápido, porém não sem comprometer a saúde do cavalo... cedo ou tarde os problemas aparecem, e salvo raros os métodos amigos do cavalo, a maioria visa marketing pessoal de quem os está apresentando. Como eu não gosto disso, decidi por estudar os métodos clássicos, quando digo estudar, é sentar a bunda na cadeira e ler mesmo, comprar materiais teóricos confiáveis e aprender mais sobre fisiologia, anatomia, biomecânica e psicologia do cavalo, tudo isso unido ao cavaleiro que também tem que ser colocado como atleta na história, e devidos conhecimentos do corpo são necessários para que o instrutor possa compreender e depois passar o conhecimento nas aulas e nos treinos.
Maioria do pessoal que se mete a dar aulas de montaria no Brasil aprendeu via senso comum e observação, uma ou outra palestra, workshops ou cursos de poucos dias (poucos fazerm cursos ainda infelizmente)... ou então ganham algumas provas de alguma coisa e ja saem por aí se entitulando treinadores, domadores e ´´professores`` de equitação.
Não há nível técnico de qualidade, o que resulta em alunos pobres na montaria, que vão desempenhar bem até certo ponto mas depois vão estagnar, deixando de ganhar as provinhas que tanto queriam e por fim, culpando o coitado do cavalo, alegando que quem não faz o serviço direito é o animal.
Cansei de ver isso, cansei também de ver gente parar de montar porque a abordagem do instrutor era ruim, não respeitava a individualidade da pessoa, não respeitava o fator limitante chamado medo, não respeitava a idade do praticante e suas diferenças físicas e cognitvas ( dar aulas para uma criança e pra um adulto são coisas muito diferentes, por mais que o objetivo seja o mesmo, a aboradagem muda muito).
Cansei de ver aluno que ja se acha avançado judiar de cavalo, espancar, lesar por fazer as coisas todas erradas, estafar o animal porque não se importa com a hora de parar contanto que esteja divertido...
ALUNO DE EQUITAÇÃO COM PROFESSOR DE VERDADE NÃO FAZ ESSAS COISAS!
Digo isso com convicçao pois na equitação clássica, o cavalo não é visto como máquina, os erros do cavalo são todos reflexos das atitudes do cavaleiro, e a consciência de que deve-se buscar o nível técnico adequado antes de tentar coisas novas é criada nas aulas com auxílio do professor. O professor coordena os treinos do cavalo do aluno, o aluno monta com acompanhamento do professor, não importa se é proprietário ou se usa os cavalos da escola, o professor é respeitado e escutado e os cavalos não são submetidos as esforços sem acompanhamento.
Sob minha supervisão essas coisas sempre foram deixadas bem claras desde o início, e quem não se enquadra, sem ressentimentos, pode buscar outro profissional.
Eu levo muito a sério o que faço e sigo a risca o que vejo que funciona, que não machuca ninguém, que zela por todas as vidas envolvidas, portanto existem sim regras e elas devem ser respeitadas.
O aprendizado da equitação leva tempo e necessita de dedicação, alunos não comprometidos não vão bem em aulas de equitação, alunos cujos pais interferem nas aulas também costumam ter ou dar problemas, alunos proprietários que não compreendem que a posse de um animal não faz deles profissionais na área e querem impor suas vontades ao profissional de fato contratado para conduzir os trabalhos sempre são um problema para qualquer instrutor.... essas são reclamações gerais que a anos escuto de várias pessoas que dão instruções de montaria em diversas modalidades.
Sempre digo que uma boa conversar desde o primeiro dia ajuda muito e estabelece os limites e o respeito necessários, mas que realmente lidar com o cavalo é a parte mais fácil do trabalho hehehehehe
Outra coisa que decidi não fazer com meus alunos é gritar com eles, agredir verbalmente deixando a pessoa constrangida e com medo.. essas são práticas muito comuns em hípicas e estabelecimentos com base militar, eu acho isso um bela de uma bosta falando a real!
Ser firme não tem nada a ver com ser bruto, ignorante, incompreensivo com os praticantes e com os animais.
Eu passei por essas coisas e além de não gostar ela atrasaram meu desenvolvimento por alguns traumas que tive durante a aprendizagem, ainda mais porque comecei bem cedo, não funcionou pra mim, não funcionava pra muitos alunos e eu via isso. Carreguei comigo o que funcionava, e o resto vai pro lixo mesmo, não passo pra frente!
As pessoas devem ser respeitadas e seu tempo de aprendizagem também, então optei por aulas individuais e não em grandes turmas na pista.
Ganha menos dinheiro Thaysa! Sim, ganha menos dinheiro, mas a qualidade aumenta absurdamente e os alunos não saem, não escolhem outro professor e vão embora, isso ando vendo ja a 15 anos, e eu prefiro pois sei que a pessoa se sente bem nas aulas, conta os dias pra ir montar, se empolga, se esforça mais, e por fim sempre agradece muito! O reconhecimento é o que mais me move no que faço e isso sempre tive de sobra! Pode não me deixar rica, mas me deixa muito feliz!!
Enfim, acho que ja falei demais...
vão algumas todos de cavalos que gostei muito de montar...
Xilofone do TOP - lusitano
Kamaro LM - árabe
Moniq You Bet - Paint Horse
Apache - árabe x paint horse
Vulcão DMJ - lusitano
Raça Friesian - não me lembro o nome dele
Champ - clydesdale
Jane, minha éguinha - árabe x QM
Abraços a todos!
Até a próxima!!
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